~*~SADBH, A DEUSA CORÇA~*~

Home     ||     Site Map     ||     Contact Us     ||     Website Links     ||     About Us

 

 

 

 

 

 

 

 

Interests     ||     Rings & Groups     ||     Family     ||     Poetry     ||     Photos     ||     Awards     ||     Sign Guest Book

 SADBH, A DEUSA CORÇA

 

No ciclo irlandês de Leinster descobrimos a lenda da Deusa Corça. O contexto é bastante recente, posto que o Ciclo de Leinster, ou de Finn, que recebe o nome também de Ciclo Ossianico, é o mais tardio dos conjuntos mítico-fadados que constituem a literatura gaélica. O Ciclo sobreviveu de tal forma que conhecemos a totalidade de certas lendas graças as narrações orais recolhidas nos séculos XVIII e XIX.

O NASCIMENTO DE OISIN (Irlanda):

Finn é o rei dos Fianna, e seus homens saem a caça. Vêem uma corça e a perseguem, porém nenhum caçador ou cão consegue alcançá-la. Só Finn, acompanhado de seus cães, de nomes Bran e Sceolan, "que tem espírito humano", continuam em seu encalço. A corça tomba na relva, e os cães, em lugar de mostrarem-se agressivos, brincam com ela e a lambem o corpo.

Maravilhado, Finn leva a corça para sua residência e, à noite, vê aparecer uma linda mulher que diz chamar-se Sadbh, e ser a corça que ele havia estado caçando durante todo o dia. Adquiriu forma de uma corça por causa da magia do druida Fir Doirch, cujas insinuações ela havia rechaçado. Um servo do druida lhe havia explicado que, se conseguisse entrar na fortaleza dos Fianna, o druida não teria nenhum poder sobre ela.

Finn se apaixona por Sadbh e os unem-se num amor perfeito. Não demorou muito para Sadbh engravidar.

Um dia em que Finn se ausenta, o druida Fir Doirch assume seu aspecto e faz Sadbh sair da fortaleza. O druida consegue então transformá-la novamente em corça. Sadbh intenta regressar à fortaleza, porém os cães do druida a impedem e a conduzem para o bosque.

Ao saber do acontecimento Finn adoece de dor e, durante sete anos, recorre toda a Irlanda com seus cães em busca da corça.

Um dia, seus cães se detêm perto de uma criança, e lhe prodigam gestos de amizade. Finn se surpreende  ante a semelhança da criança com Sadbh. O leva consigo e o educa.

Quando consegue falar, revela que foi criado por uma corça, e que ela foi transformada nesse animal por um homem negro que a havia tocado com uma varinha. Finn conclui que o menino é filho de Sadbh com ele e lhe dá o nome de Oisin, que quer dizer, "Pequena Corça". (Roger Chauviré, Contes ossianiques, Paris: 1949, pp. 102-106).

-*-

Toda a narração da história está centrada no sucesso do nascimento de Oisin e pelo feito de ter uma mãe transformada em corça que, na verdade é uma fada do Outro Mundo. Oisin será poeta e cronista, o Inspirado pela divindade, e quando morrer, não será uma verdadeira morte: a curiosa recopilação feita no século XII das diferentes lendas ossianicas, o "Acallam na Senorach" ("Colóquio dos Anciões"), explica, como Oisin se reuniu com sua mãe no universo maravilhoso de Tuatha De Danann.

Quanto a Finn, o marido de Sadbh, cujo nome significa "Homem Branco e Bonito", foi o último e maior chefe dos Fianna. Era filho Cumhal, que havia sido chefe dos Fianna da Irlanda e foi morto pelas mãos dos filhos de Morna, que disputava a chefatura. A mãe de Finn era Muirne, neta de Nuada dos Tuatha de Danann e de Ethlinn, mãe de Lugh.

Depois que mataram a Cumhal, a mãe de Finn o mandou para longe, aos cuidados de uma druidesa, pois os filhos de Morna também queriam matá-lo. Recebeu então, educação, tornou-se poeta e adquiriu habilidades mágicas. Enquanto recebia instrução do poeta Finegas, provou acidentalmente o salmão do conhecimento e obteve seu dente mágico, e bebeu um gole da água do poço da lua, que lhe deu o poder da profecia. Por fim, completou seu aprendizado no dia de Samhain (31 de outubro ou 1 de novembro), dia das festas dos mortos, e dirigiu-se para o palácio do Rei Supremo em Teamhair (Tara). O Rei o reconheceu por ser muito parecido com seu pai (seu amigo) e foi admitido entre os Fiannas.

O relato também, nos conduz ao campo da investigação com referência à Deusa Corça e seus pontos em comum com a antiga Deusa Mãe dos Deuses e com a Deusa grega Ártemis, que os romanos assimilaram como Deusa Diana. Na iconografia, Ártemis se apresenta com uma corça e é considerada como a "Caçadora Divina" que protege todos os caçadores. Nessa representação simbólica, é provável, que muito antes de se preocupar com os caçadores, ela foi protetora dos animais selvagens e das corças em particular, conceito surgido de uma analogia mais primitiva da própria Deusa que era um animal selvagem, era uma corça.

A estranheza entretanto, está no fato de Ártemis ser Caçadora, enquanto que Sadbh gaélica é a presa da caça, mas fomos obrigados a refletir sobre o assunto e as conclusões são bastante esclarecedoras.

Ártemis permaneceu nas lendas literárias da Antigüidade Clássica como imagem fixa da antiga Deusa, tal como ela era na época de todo o seu poderio, no seio de uma sociedade ginecocrática. Na tradição oral celta e, portanto, um período bem posterior, a Deusa já encontra-se em decadência, em conseqüência das novas estruturas das sociedades paternalistas. As Deusas de outrora, se converteram, primeiro em heróis femininos e depois, em fadas, agora expostas as perseguições dos caçadores, ou seja, do homem. Só alguns heróis as seguem protegendo, como Finn, que não é de todo o herói cultural tão comum nas tradições indo-européias. Porém, a ordem paternalista representada pelos sacerdotes de qualquer religião, no nosso caso o druidismo, se esforça para aleijá-las para sempre. Aqui representada na raiva do druida Fir Doirch, cujo nome, significa "Homem Negro", que persegue a Sadbh para devolver-lhe a forma de presa.

 Entretanto, a imagem da Deusa está tão profundamente presente no inconsciente dos homens que reaparece de formas mais ou menos aberrantes. Sadbh até desaparece, porém tem um filho, Oisin. A "Pequena Corça" é um novo personagem, conforme o ideal paternalista, porém representa, por sua filiação, o antigo conceito da divindade feminina.

Igual a Deusa Mãe que se converte em Deus Pai, igual a Deusa Sol que se converte em Deus Sol, a Deusa Corça, de maneira natural, se converte em Deus Corça. É célebre essa iconografia celta, como atestam as numerosas estátuas que representam um homem com corno de cervo. Inclusive sabemos seu nome, é Cernnunos, o Deus Cornudo.

Toda a história de Sadbh e de seu filho Oisin, reveste-se de uma importância particular, pois a Deusa Corça, ou a Deusa da Corça, se refere a imagem mais antiga de Ártemis-Diana, a Deusa Solar dos povos que precederam os indo-europeus sobre o território da Europa ocidental.

O que se conclui, é que muito embora as antigas sociedades paternalistas tenham se esforçado, para engolir, ocultar e deformar a Deusa, ou ainda, sepultá-la no mais profundo do inconsciente, ela ainda está aí. Sobrevive triunfante e aparece para perturbar a sociedade masculina, assentada em bases que se acreditavam inquebráveis. Se pensavam haver consagrado definitivamente o triunfo de Yavé e de Cristo, porém por detrás reaparece a perturbadora e desagradável figura de Maria Madalena e da mãe universal "Virgem Maria".

-*-

BRAN E SCEOLAN (Sua origem)

Bran e Sceolan eram os cães favoritos de Finn Mac Cumhal, mas que na verdade, eram seus sobrinhos, filhos de sua irmã Tuiren.

Segundo o relato irlandês, foram assim que nasceram, filhos da irmã de Finn com Iollan Eachtach, um homem de Ulster. Iollan apaixonou-se por Tuiren quando a conheceu através de Finn. Entretanto, Iollan já tinha uma namorada entre os Sidhe, e era Uchtdealb do Peito Belo, e quando essa soube que Iollan havia se casado ficou terrivelmente furiosa. Então tomou o aspecto de mensageira de Finn e se foi a Ulster à casa de Tuiren, a quem disse:

-"Finn te envia todos seus bons desejos e te deseja uma vida longa e te pedes para que prepares um grande banquete, e que deves vir comigo, pois te direi como deves fazer."

Tuiren a seguiu e quando já estavam fora da vista dos demais, Uchtdealb a transformou em uma linda cachorrinha, levando-a em seguida, para a casa de Fergus Fionnliath, rei da baía de Gallimh. Elegeu a Fergus porque esse odiava os cães mais do que qualquer coisa no mundo e, ainda na forma de mensageira de Finn, levou a cachorrinha a Fergus e lhe disse:

-"Finn deseja que cuides e te deixa a cargo essa cachorrinha que está prenha; não deixe que participe de caçadas até que tenha parido" e deixou o cão com ele.

Fergus estranhou o pedido de Finn, pois todos sabiam o quanto ele odiava os cães. Porém, em respeito a Finn, cumpriu seu encargo o melhor possível. Porém a cachorrinha era tão bela e tão esperta, que acabou gostando muito dela.

Enquanto isso, se supunha que Tuiren havia desaparecido e Finn chamou Iollan para explicar o que havia acontecido. Porém, Iollan teve que dizer que ela havia partido e não podia encontrá-la, mas pediu um tempo para buscá-la. Assim, pediu ajuda a Uchtdealb e essa consentiu em libertar Tuiren se Iollan se tornasse seu amante para sempre. Foi então a casa de Fergus e livrou Tuiren de sua forma de cão.

Mais tarde, Finn casou novamente sua irmã com Lugaidh Lumha. Porém, os cachorros que já haviam nascido, permaneceram nessa forma e Finn acabou ficando com eles como grandes aliados.

Essa é uma lenda que descreve o nascimento de cães feéricos, que geralmente aparecem domesticados pelas fadas, como vigilantes ou como cães de caça. Na nossa narrativa, Bran e Sceolan, são cães encantados, ou seja, são na verdade, os sobrinhos de Finn, que travam uma boa amizade com Sadbh, enquanto essa encontra-se transformada em corça. Realmente, só eles tinham, nesse ocasião, a consciência do que se escondia por detrás do animal.

-*-

SENHORA DAS COISAS SELVAGENS

Sadbh é a Deusa da Caça e a Senhora de todos as coisas selvagens. Todas as mulheres que possuem esse arquétipo muito ativo, são independentes, têm pensamento próprio e são emancipadas.

A Deusa da Caça pode levar você a ter uma vida casta, embora isso não queira dizer que não possa ter relacionamentos ocasionais. Talvez tenda a viver isolada, evitando relacionamentos mais sérios, preferindo mais a amizade dos homens, mesmo quando algum deles se torne seu amante.

-*-

RITUAL

Recorra à Sadbh quando estiver em busca de uma atitude mais independente em relação ao amor, quando precisar de ajuda para ser menos possessiva com a pessoa amada ou para superar a sensação de que a vida só vale a pena quando se está vivendo um amor.

Essa Deusa pode lhe proporcionar a força para escolher entre ter um amor ou viver sozinha. Sua influência também lhe inspirará uma atitude mais livre em relação a sua carreira e aos seus amigos.

Você deve aguardar o primeiro dia de Lua Nova e saia para passear junto à natureza. Ao caminhar tente manter o pensamento firme na Deusa Sadbh e relembre mentalmente toda a sua história. Sinta então sua presença e peça para ela lhe guiar. Procure cinco folhas, três galhos e algumas penas de pássaros soltas pelo chão. Esses objetos devem ser procurados com grande determinação, pois irão se tornar objetos de poder em prol da coragem e da confiança de viver segundo sua própria perspectiva.

Ao voltar para casa, monte um altar em um local de sua casa que possua um significado especial. Coloque uma vela verde em um castiçal, e os galhos, as penas e as folhas em um prato prateado. Acrescente uma pedra que representa a Deusa. Depois fale em voz alta:

 

Sadbh, Deusa da Corça,

Deusa da Lua Nova,

Dê-me seu poder,

A cada amanhecer.

 

Toda vez que sair de casa para trabalhar ou para se divertir, pare em frente ao altar, repetindo bem alto as palavras mágicas anteriores.

       

 

Texto pesquisado e desenvolvido por

 

ROSANE VOLPATTO