CARIRIS

 
 
 
Os cariris foram encontrados pelos portugueses na zona compreendida entre os rios Paraguaçu e Itapicuru.

É crença geral que esses silvícolas tivessem imigrado do norte e caminhando pelo litoral nordestino até toparem com tribos mais fortes. Não puderam, todavia, os cariris, manter-se em terreno conquistado pelos tupis que, assanhadamente, se assenhoreavam de toda costa, e foram recalcados para além do rio São Francisco, para as serras de Borborema e dos Cariris e para as terras banhadas pelo Jaguaribe, onde a vida era difícil, a mercê do impiedoso sol que queima toda a vestimenta do solo.

As lendas indígenas de pai a filho falavam da origem dos cariris num lago misterioso e cheio de fadas e encantos. Julga-se ser esse lago, o próprio rio Amazonas.

Os cariris também eram conhecidos pelos nomes de quiriris e tiriris, que quer dizer : silenciosos, tristonhos, calados, ao contrário de todos os outros indígenas que eram faladores, brincalhões e alegres.

Os cariris não falavam tupi-guarani e eram considerados como tapuias em geral.

Depois que as praias risonhas de Pernambuco abicaram as embarcações holandesas, os soldados de Maurício de Nassau encontraram nos cariris um grande aliado. Expulsos os invasores, os vencedores iniciaram luta tremenda e tenaz aos indígenas que haviam auxiliado o estrangeiro.

Quando cativo, o índio preferia a morte e, um a um, paulatinamente, iam deixando essa vida os soturnos cariris, até que em massa foram encurralados e mortos na serra de Ibiapaba pelos portugueses.

Melhor sorte tiveram os silvícolas que procuraram o sertão baiano.

Várias são as tribos identificadas como pertencentes ao grupo cariri que ocupava áreas dispersas entre os rios São Francisco (BA) e Parnaíba (PI): os Inhamuns (habitantes dos sertões de igual nome e aldeados por frades carmelitas em São Mateus, hoje Jucás), os Cariús (localizados sobretudo na serra do Pereiro e nas terras compreendidas entre os rios Cariús e Bastões, foram "amansados" na missão do Miranda, atual Crato), os Cariris propriamente dito (uns dos que, vivendo no extremo sul da capitania, reagiram intensamente à invasão branca; foram catequizados em Missão Velha) e os Caratéus ou Crateús (que se localizavam na bacia superior do rio Poti). E ainda: teremembés, paiacus, janduís, carnijós, icós, cariús, areriús, jucás, genipapos, curemas, areás, vouvés, umãs, etc.

Os índios Teremembés ocupavam uma faixa litorânea que ia da baía de São Jorge, no Maranhão às margens do rio Curu. Acabaram aldeados pelos jesuítas na Missão de Nossa Senhora da Conceição de Almofala, hoje município de Itarema.

Os paiacus eram donos da região que hoje serve de fronteira aos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte e faziam excursões até às águas volúveis do Jaguaribe. Eram índios fortes e valentes que mantinham uma apreciável organização social e militar.  Com o aumento e aceleração da colonização feita pelos portugueses, houve a guerra dos índios, ou confederação dos Cariris. Com isso os Paiacus foram aldeados na Serra de Portalegre, no Rio Grande do Norte, e com o passar dos anos acabaram sendo extintos.

Os icós viviam nos confins sul do Estado do Ceará.

E, para nossa alegria, eles não desapareceram, pois ainda hoje existem seus descendentes como: os Tremembés (em Almofala - Itarema), Os Genipapos e Kanindés (em Lagoa da Encantada - Aquiraz), os Paiacus (em Aquiraz e Pacajus), os Pitagarys (em Maranguape), os Tabajaras (em Viçosa) e os Tapebas (estes originários do convívio entre Cariris, Potiguares e Tremembés em Caucaia) lutam pelo reconhecimento e preservação de sua identidade e patrimônio cultural, além de exigirem, com toda razão, a demarcação de terras historicamente a eles pertencentes.

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO