ÍNDIOS TAMOIOS

Os Tamoios tripulavam suas
compridas canoas, desde o cabo SÃO TOMÉ até ANGRA DOS REIS.
Eram vizinhos dos goitacases,
pelo norte e dos guaramomis, pelo sul.
Eram os tamoios, altos e
robustos. Costumavam, nas festas, enfeitar-se com capas e
carapuças de penas policrômicas. Traziam o beiço inferior furado,
onde introduziam um osso com cabeça que ficava do lado interno do
lábio.
Pertenciam ao grande ramo
tupi, que emigrou das barrancas do Paraguai, rumando para o Rio
Grande e o Uruguai e daí percorrendo todo o litoral, até ao
Maranhão.
Apesar dessa descendência, os
guapos guerreiros tamoios só consideravam seus parentes os
tupinambás.
Foram, os tamoios, os amigos
prediletos dos franceses, quando estes aportaram em Cabo Frio,
afim de carregar pau-brasil e, mais tarde, na ocasião em
Villegaignon, com sua esquadra, chegara à nossa maravilhosa
Guanabara, com o firme propósito de fundar, nestas risonhas
plagas, a França Antártica.
As suas malocas eram bem
fortificadas com palissadas, idênticas às usadas pelos tupinambás,
porém melhores.
Faziam guerra de morte aos
habitantes de São Vicente e de Piratininga e as suas canoas
vigiavam continuamente a fímbria litorânea que habitavam.
Devoravam os prisioneiros
como vingança, exceto as mulheres que destinavam ao concubinato.
Se alguma mulher estivesse grávida, quando fosse aprisionada,
esperavam que a criança nascesse, para devorar mãe e filho.
Há motivos para que os
cariocas sejam alegres e divertidos, a ponto do seu carnaval
impressionar o mundo inteiro. Parece que a alegria, que contamina
os habitantes desta cidade, é oriunda da própria natureza que
engalana a belíssima baía da Guanabara.
Já os tamoios eram, no século
XVI, considerados os melhores bailarinos e músicos de todos os
indígenas do Brasil. E a veia poética popular que possuímos,
inspirou também os nossos antepassados selvagens, que improvisaram
poesias para receber cerimoniosamente, qualquer chefe, como
fazemos atualmente durante os festejos juninos, as alegrias do
Natal e as festas pagodeiras.
Chamavam de "marabá" a
criança filha de pais duvidosos. Quando uma mulher, em estado de
gravidez, trocasse de marido, o seu filho nasceria marabá e, como
tal, era enterrado vivo, logo após o nascimento.
Anchieta, durante o seu
cativeiro de cinco meses, conseguiu desenterrar várias crianças e
induzir as respectivas mães a criá-las.

CONFEDERAÇÃO DOS
TAMOIOS (Entre 1554 a 1575)

Sob as ordens de Cunhambebe,
os indígenas se uniram, formando uma verdadeira confederação, afim
de que pudessem, de melhor forma, enfrentar os "perós", cognome
que davam aos portugueses. Nessa ocasião chegaram os franceses ao
Rio de Janeiro. Villegaignon, o chefe francês, aliou-se aos
tupinambás para garantir sua permanência no Rio de Janeiro e
ofereceu armas a Cunhambebe para lutar contra os portugueses. Um
surto de doenças, contraído pelo contato com o branco, dizimou
centenas de índios, entre eles Cunhambebe. Aimberé foi escolhido o
novo chefe e a luta continuou. Aimberé procurou o apoio de
Tibiriçá e, juntos, combinaram lutar contra os portugueses num
prazo de três luas. Acirrou-se assim a luta entre os tupinambás e
seus aliados contra os portugueses.
A luta que os tamoios levavam
à gente lusa era interminável.
Resolveram os jesuítas
Nóbrega e Anchieta ir conseguir a paz no próprio acampamento dos
índios.
Francisco Adorno, fidalgo
genovês, um dos mais ricos homens do Brasil, comprometeu-se a
levar a embaixada da paz.
Apenas o barco, que conduzia
os missionários, se aproximou da costa, o mar ficou coalhado de
canoas que, manejadas cada uma por vinte remos, vinham céleres
atacá-lo. Assim que os indígenas lobrigaram os hábitos dos
jesuítas, suspenderam o golpe e os deixaram desembarcar.
No dia seguinte, vieram dois
caciques tratar com os religiosos e resolveram mandar para São
Vicente doze rapazes como reféns. Levaram os missionários para um
lugar denominado Iperoig (correspondente à atual Ubatuba), onde
estes edificaram, com ramagens, uma capelinha.
Estavam os jesuítas há dois
meses no exílio indígena, quando o governo de S. Vicente os mandou
chamar, para com eles conferenciar a respeito do armistício.
Os indígenas acharam de bom
alvitre enviar somente Nóbrega, deixando, no seio deles, Anchieta.
Foi durante essa permanência
entre os tamoios que a glória de Anchieta subiu aos céus.
Os índios ficaram admirados
da continência desse jovem jesuíta na punjança da virilidade.
Para manter sua pureza,
Anchieta fez um voto à Virgem, a mais pura das mulheres, de
compor-lhe um poema.
Faltavam papel, pena e tinta,
contudo o pensamento firme do missionário tudo remediou.
Dirigiu-se para a praia, onde os pássaros, chilreando, passavam
aos pares, onde o mar em ondas maravilhosas beijava a areia, onde,
enfim, a Natureza, em todo seu esplendor, convidava ao amor.
O jovem religioso com uma
varinha ia, na praia, escrevendo as estrofes em que focalizava a
vida sacrossanta de Maria. Em seguida decorava o que escrevera e
iniciava outros versos, até que conseguiu seu intento, guardando
de cor o poema todo.
Após a permanência de cinco
meses, constantemente ameaçado de morte, Anchieta pode deixar
Iperoig (correspondente à atual Ubatuba) com o armistício firmado.
Esse fator foi fundamental para posterior vitória portuguesa. A
trégua, nunca plenamente respeitada pelos traficantes de escravos,
foi esquecida, abrindo uma nova frente de hostilidades entre
indígenas e portugueses.
Em sua plenitude a
Confederação dos Tamoios durou pouco mais de vinte anos, sendo
destruída com extrema violência no governo de Antonio Salema.
O Governador
do Rio de Janeiro, Antonio Salema, reuniu poderoso
exército com gente da Guanabara, São Vicente e
Espírito Santo, apoiado por grande tropa
tupiniquim catequizada. Os oficiais e soldados
seguiram por terra e mar, tendo como objetivo
liquidar com a "Confederação dos Tamoios" e
acabar com o domínio francês que já durava 20 anos
em Cabo Frio.
Após o cerco
e a rendição da fortaleza franco-tamoia, dois
franceses, um inglês e o pajé tupinambá foram
enforcados; 500 guerreiros foram assassinados a
sangue frio e aproximadamente 1500 índios foram
escravizados. As tropas vencedoras ainda entraram
pelo sertão, queimaram aldeias, mataram mais de
10.000 índios e aprisionaram outros tantos. Os
sobreviventes refugiaram-se na Serra do Mar e Cabo
Frio.

A
Confederação dos
Tamoios,foi a primeira batalha pela
liberdade, que foi afogada com muito sangue,
levando ao extermínio dos tamoios.
Texto pesquisado e
desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO


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