CUPIDO INDÍGENA

Rudá é o Cupido dos Indígenas. É a ele que as virgens e os guerreiros se dirigiam, pedindo-lhe proteção nas suas pretensões amorosas.

Como todo civilizado, para os antigos índios o amor surgia do nada: um olhar furtivo ou olho no olho, compartilhando uma dança, um encontro fortuito e até mesmo aquele esbarrão do acaso, tão conveniente por sinal. Os homens e mulheres, neste instante, deixam de ser estranhos, pois desperta dentro de deles, um dom particular: o amor.

As cunhãs, nas horas de saudade do seu amante, como suas ancestrais índias, erguiam a voz à Rudá, à hora dos poentes indescritíveis ou quando a Lua esboçava o seu sorriso de luz e de sonho, de braço estendido na direção em que deve andar o seu bem amado, e imploram:

"Rudá, Rudá,

Iuaká pinaié

Amãna reçaiçu

Iuaká pinaié

 

 

 

Aiuté Cunhã

Puxiuéra oikó

Ne mumamára ce recé

Quahá caarúca pupé"

 

Traduzindo:

" Óh Rudá, tu que estás nos céus e que amas as chuvas...Tu que estás no céus...faz com que ele, por mais mulheres que tenha, as ache todas feias; faz com que ele se lembre de mim esta tarde quando o Sol se ausentar no ocidente...."

 

Havia entre os indígenas, de modo geral, a monogamia, entretanto, os chefes podiam viver com tantas mulheres quanto pudessem sustentar. Existia também um respeito aos parentes próximos na escolha dos casamentos. Assim, não podiam casar a mãe com filho, este com a irmã ou tia. Em algumas tribos era proibida a união entre indivíduos que estivessem sob o mesmo teto. Os tucanos, foram mais longe, só permitindo o casamento entre tribos diversas, pois consideravam a tribo toda, como uma grande família. Para concretizar tal preceito eles entravam em acordo com os vizinhos e estabeleciam permutas, dando suas filhas em troca de esposas para os jovens guerreiros. Sucede que algumas vezes, não era alcançado o entendimento, então eram organizadas expedições militares para obter a força o que não galgaram com palavras. Caem então, de surpresa sobre os aldeamentos próximos e efetuam o "rapto das Sabinas".

 

 

 

O índio sentia prazer em dizer que sua companheira foi conseguida à força do acampamento de outra tribo.

 

Em algumas tribos o guerreiro escolhia sua futura companheira ao nascer, ou quando ainda menina. E, desde o momento da escolha, passa a sustentá-la.

 

O jovem guerreiro que deseja casar-se, dirigia-se ao pai da "virgem de seus sonhos" e fazia o pedido. Na maioria das ocasiões, o futuro sogro exigia que o noivo trabalhasse para ele por um determinado tempo, antes de entregar sua filha.

 

Outras vezes sucedia que tal jovem infundia grandes paixões em mais de um coração guerreiro, então era organizado um verdadeiro duelo, de modo que a possuiria aquele que demonstrasse mais dotes de força e agilidade. Entre os carajás, o vencedor seria o que mais rapidamente carregasse uma tora de madeira pesadíssima. Os curinas faziam os noivos suportar uma formidável surra de chicote e os maués, introduziam em ambas as mãos do pretendente uma luva cheia de formigas vermelhas bravíssimas.

 

Os índios tinham por suas esposas um ciúme exagerado e, o adultério ou qualquer união sexual, que não fosse entre casados, eram punidos com a morte. Oportunidades extra-conjugais, algumas vezes, eram permitidas somente aos homens, enquanto que as mesmas eram expressamente interditadas às mulheres. A expectativa de comportamento, quanto às mulheres casadas, era de fidelidade absoluta aos maridos.

Em algumas tribos existia o divórcio. Neste caso, a mulher que abandona ou é abandonada, passa a ser sustentada por um irmão.

 

Por morte do marido, cabia ao irmão deste casar-se com a cunhada e considerar todos os seus sobrinhos como se fossem seus filhos legítimos.

 

 

 

 

 

 

A ORGANIZAÇÃO AMOROSA DOS TUPINAMBÁS

 

Em geral, as oportunidades amorosas dos jovens na sociedade Tupinambá eram muito limitadas. Graças ao fundamento gerontocrático de sistema sócio-cultural, somente aos velhos era reservado o direito de possuir um número elevado de mulheres. Apoiados no poder obtido através do prestígio de guerreiros, grandes feiticeiros ou chefes de extensas parentelas, eles desfrutavam de privilégios especiais.

 

O casamento ou o simples intercurso sexual, ocorria predominantemente entre indivíduos pertencentes a gerações alternadas.

 

Aos homens só era permitido contrair matrimônio após ter executado ritualmente um inimigo e ter trocado de nome e as mulheres, quando tivessem alcançado o devido desenvolvimento biológico e certos pré-requisitos. Assim que aparecia a primeira menstruação, as jovens submetiam-se aos ritos de iniciação. Somente depois dele estariam habilitadas para o casamento ou manter relações sexuais livres.

 

Os tupinambás se preocupavam muito com os assuntos sexuais, que se constituía um dos principais temas de conversação diária. Existiam dois tipos de comportamento, socialmente aprovados e regulamentados entre eles. Um era a própria instituição do casamento e o outro, a prova do matrim6onia. Este último, ocorria entre homens reconhecidos como adultos e suas noivas.

 

 

 

A NOITE DA PROVA

 

 

 

Esta noite de amor visava dirimir as tensões amorosas e eróticas dos homens, concedendo-lhes algumas aventuras desejáveis. Em regra, o matrimônio regular ocorria somente dois ou três anos após as cerimônias de renomação, ou seja, da troca do primeiro nome do guerreiro por outro, depois do ritual de sacrifício de um inimigo. Estas uniões, entretanto, necessitavam da aprovação da mãe da noiva e o acordo dos anciões quanto à conveniência de aceitar o pretendente à mão da jovem como futuro marido. Se tudo fosse favorável, a noiva comunicava ao seu pretendente que poderia pernoitar com ela.

 

Então, a noite, quando todos já dormiam ele ia encontrar-se com a moça, na casa do lado onde sua mãe ficava, retornando de madrugada, de modo a não ser percebido.

 

As noites de prova serviam para se conhecerem melhor e se avaliarem. Se a experiência fosse bem sucedida, o matrimônio consumava-se naturalmente. Esta instituição evidencia a pouca importância atribuída a virgindade. A expectativa sempre era de um casamento com uma mulher não-virgem. Esta perda, na maioria das vezes, ocorria quando a jovem era considerada "kugnatim", logo depois dos ritos da puberdade. Entretanto, ela só poderia se casar quando pertencesse a categoria de "kugnammuçus".

 

Parece bastante provável que a perda da virgindade das mulheres indígenas precedia às noites de provas, já que ela pouco tempo depois das cerimônias de iniciação e em aventuras circunstanciais. A jovem devia entretanto, indicar sempre o seu defloramento, rompendo os fios de algodão, amarrados à cintura e aos braços. Mesmo que as aventuras tivessem caráter oculto, precisava tornar o fato de conhecimento público "de outra maneira cuidará que a leva logo o diabo".

 

Apesar desta associação mágica, os Tupinambás davam pouco valor à ocorrência.

 

Apesar da simplicidade de sua vida sexual, seria equívoca a afirmação de que o grau de liberdade alcançado pelos Tupinambás, em suas relações sexuais, se confundia com qualquer espécie de licenciosidade sexual. A regulamentação do comportamento sexual manifestava-se através da fiscalização dos atos da filha por parte da mãe ou por meio da intervenção dos parentes masculinos na escolha de seu futuro marido.

 

 

 

O AMOR ENTRE OS CAIAPÓS

 

 

 

Na mitologia dos Caiapós ocupa lugar de destaque o amor e a paixão, que transcendia qualquer norma ou regulamento social.

 

A diversidade das descrições mitológicas de ação recíproca ente os sexos resulta da dinâmica da vida e concepção do mundo Caiapós.

O casamento entre eles, brotava de uma cerimônia solene (cerimônia de sangue) ou do mero convívio sexual. Conseqüentemente, o matrimônio representava um compromisso legal à comunhão de vida marital, perpétua, considerada com um dado da Natureza, inclusive na mitologia.

 

Entre esta comunidade indígena o amor era totalmente livre e soberano. Contudo, isso não vale para uma vida sexual desenfreada ou a promiscuidade dos sexos.

 

 

 

JÁ É HORA!

 

 

Já é hora de visualizarmos a verdadeira identidade com nossos parceiros nesta dança de energia que compartilhamos com todas as raças e espécies deste planeta.

 

Já é hora de nos utilizarmos do poder da nossa força feminina para entrarmos também em sintonia com a natureza.

 

Nós mulheres, temos a compreensão maior, portanto nos cabe uma participação aumentada na criação de objetivos mais humanitários. 

Nós mulheres, podemos por nossa vez retribuir os cuidados aprendidos e retidos no caldeirão das emoções, através dos cuidados zelosos de nossos filhos, maridos, amantes, parentes, amigos e todos que circundaram nosso pequeno universo e são motivo da nossa atenção.

 

É hora ainda de nos preocuparmos com a nossa Mãe-Terra, agradecendo-a pelos frutos de cada dia.

 

Nós mulheres, devemos romper com esta projeção masculina que só tem nos trazido guerras e destruições generalizadas. É imperativo o despertar de uma nova ética baseada na sensibilidade e o amor recíproco.

Cabe somente a nós, portanto, nos utilizarmos de todo o nosso potencial para alargarmos o círculo humano familiar e incluir mais dançarinos na dança de exaltação da vida e do amor.

 

 

 

Texto pesquisado e desenvolvido por

 

Rosane Volpatto

 

Bibliografia:

 

Índios do Brasil - Lima Figueiredo; Livraria Jose Olympio Editora; SP

Indiologia - Angione Costa; Zélio Valverde; RJ; 1943

Mito e Vida dos Índios Caiapós - Anton Lukesch; Livraria Pioneira Editora; SP; pp. 103