É o maculelê uma dança
de origem Afro-indígena,
pois foi trazida pelos
negros da África para cá
e aqui foi mesclada com
alguma coisa da cultura
dos índios que aqui já
viviam.
Os africanos diziam que
esta dança era mais uma
forma de luta contra os
horrores da escravidão e
do cativeiro. Enquanto
os negros dançavam com
os cepos de cana no meio
do canavial, cantavam
músicas que evidenciavam
o ódio. Porém, eles as
cantavam nos dialetos
que trouxeram da África
para que os feitores não
entendessem o sentido
das palavras. Assim como
a "brincadeira de
Angola" camuflou a
periculosidade dos
movimentos da capoeira,
a dança do maculelê
também era uma maneira
de esconder os perigos
das porretadas desta
dança.
Aos golpes e investidas
dos feitores contra os
negros, estes se
defendiam com largas
cruzadas de pernas e
fortes porretadas que
atingiam principalmente
a cabeça ou as pernas
dos feitores de acordo
com o abaixar e levantar
do negro com os porretes
em punho. Além
desta defesa, os negros
pulavam de um lado pro
outro dificultando o
assédio do feitor. Para
as lutas travadas
durante o dia, os negros
treinavam durante a
noite nos terreiros das
senzalas com paus em
chama que retiravam das
fogueiras, trazendo
ainda mais perigo para o
agressor.
O maculelê pode ser
feito com porretes de
pau, facões ou facas,
mas, alguns grupos
praticam o maculelê com
tochas de fogo ou
"tições" retirados na
hora de uma fogueira que
também fica no meio da
roda junto com os
dançarinos.
O maculelê é portanto,
um bailado guerreiro que
foi desenvolvido por
homens negros,
compreendendo dançadores
e cantadores, todos
comandados por um
mestre, denominado “macota”.
Os participantes usam um
bastão de madeira com
cerca de
60 cm
de comprimento, exceto o
macota, que tem um mais
longo. Os bastões são
batidos uns nos outros,
em ritmo forte e
compassado. Estas
pancadas presidem toda a
dança, funcionando como
marcadoras do pulso
musical.
A banda que anima os
dançarinos é composta
por atabaques, pandeiros
e às vezes violas de
doze cordas. As cantigas
são puxadas pelo macota
e respondidas pelo coro.
Há músicas tradicionais
e outras
circunstanciais,
dependendo da destreza
do chefe. Quando se
apresentam em alguma
casa ou estabelecimento
de eventos, iniciam com
uma saudação ao dono do
lugar, seguem-se várias
cantigas a gosto do
mestre, concluindo com
Despedida e
Agradecimento. Na rua
executam a Marcha de
Angola, que contém letra
com termos africanos
adaptados. A área de
maior incidência do
Maculelê á a região de
Santo Amaro (BA).
Maculelê nos faz
reencontrar com a alma
perdida do negro, que
muito ajudou a construir
esse nosso país. Nosso
passado escravista, não
é motivo de orgulho, mas
é através do estudo da
cultura negra que
poderemos nos
compreender como membros
de uma coletividade, o
povo brasileiro.
A cultura é o chão do
nosso Brasil, que é
criado e recriado
constantemente. A
população
afro-brasileira ao mesmo
tempo que conservou
elementos fundamentais
da tradição africana,
criou e recriou
símbolos, mitos,
costumes e danças.
Sabe-se hoje, que 43% do
conjunto da população
brasileira é constituído
de negros, ou têm negros
na sua descendência,
constituindo-se assim, o
segundo maior país de
população negra no
mundo, perdendo apenas
para a Nigéria.
É preciso nos assumirmos
sem inferioridade o
nosso rosto
negro-brasileiro!